New Jornalism - Do surgimento a Euclides da Cunha

Por Alessandro Lo-Bianco 

 O New Jornalism surgiu nos Estados Unidos, em meados da década de 60, como uma alternativa ao jornalismo de estilo objetivo e distanciado dos fatos, que caracterizava a imprensa americana até então. A reportagem deixava de ser um simples relato para se transformar num texto quase literário, que reconstruía os acontecimentos a partir da vivência do repórter. Considerado um “Jornalismo de autor”, nos moldes do “cinema de autor”, o novo estilo abandonava dogmas do jornalismo tradicional, como neutralidade, distanciamento e narrativa sempre na terceira pessoa, para valorizar a figura do repórter no meio dos acontecimentos, dando a ele liberdade para criar e ousar a partir do registro de detalhes como gestos, hábitos, decoração e vestuário. A reportagem foi transformada numa espécie de novela realista. A este estilo de New Jornalism se dedicaram repórteres – depois escritores – como Tom Wolf, Truman Capote e Gay Talese. No Brasil, ele chegou em 1966, com o lançamento, em São Paulo, da revista Realidade e do Jornal da Tarde, ambos trazendo reportagens que se aproximavam da literatura e que abrigaram toda uma geração de jornalistas-escritores. Mas, muito antes do termo New Jornalism existir e ser reconhecido como um estilo, vários repórteres já haviam lançado mão da observação de detalhes e da redação que se aproximava da literatura em suas crônicas, artigos ou relatos de viagens. Exemplo disso, as reportagens de Charles Dieckens, de 1835, para o jornal inglês Morning Chronicle ou do americano Ernest Hemingway para o Kansas City Star, onde começou sua carreira aos 17 anos. Mais tarde, suas primeiras reportagens sobre a Primeira Guerra Mundial e a Guerra Civil Espanhola, onde esteve como correspondente, lhe serviram de base para os Best-sellers “Adeus às Armas” e “Por quem os sinos dobram”, respectivamente. O mesmo fez Euclides da Cunha no Brasil, cujas reportagens como enviado especial do jornal O Estado de S. Paulo na Guerra de Canudos foram o embrião do antológico Os Sertões. Ainda hoje se destacam no cenário literário internacional alguns exemplos de jornalistas escritores, como o americano Norman Mailer, o peruano Mario Vargas Llosa e o colombiano Gabriel Garcia Márquez, que eventualmente se dedicam a relatos jornalísticos com a sintaxe da arte literária.
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