A notícia como prática organizacional

Por Alessandro Lo-Bianco  

 Sabe os momentos em que o apresentador dá uma notícia bombástica, falando de centenas de mortos e depois abre um belo sorriso e apresenta um quadro esportivo!? Alguns teóricos, como Barbie Zelizer (1992), começaram a analisar este tipo de prática no auge dos telejornais, na época do assassinato do Presidente John Kennedy. Segundo a pesquisadora, alguns apresentadores usam técnicas verbais e não verbais para transformar a notícia em PRÁTICA ORGANIZACIONAL. Independentemente do verdadeiro modo como a notícia foi coletada, existe por trás uma ORGANIZAÇÃO, ou seja, a informação deve se tornar cumpridora de deveres técnicos para chegar ao consumidor, de forma que respeitem uma série de normas jornalísticas. São essas normas que possibilitam sair de uma tragédia para uma coisa feliz. Basta fazer com que a realidade construída pelo repórter forneça, não apenas uma visão do mundo, mas do próprio jornalismo. A chave do negócio esta aí: fornececer não apenas uma visão do mundo com a notícia, mas uma visão tática de como pegar o telespectador sob ponto de vista jornalístico. E sabe o que acontece quando isso dá certo? O telespectador passa a fazer parte não somente daquela notícia, mas passa a se sentir parte da própria maneira como a notícia esta sendo dada, passa a raciocinar como a mente do próprio profissional da notícia. Essa autonomia pode ser entendida como um conjunto de estratégias utilizadas pelos comunicólogos para se firmarem como porta-vozes legítimos e confiáveis dos eventos, enquanto, na verdade, fixam o MODO ORGANIZACIONAL e costumeiro da prática vendável, assediando as notícias através de uma metodologia técnica e subjetiva, com a finalidade de ser absorvida sutílmente pelo telespectador.
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