A diferença dos tipos de jornalismo no mundo

Por Alessandro Lo-Bianco  

 Apesar da forte influência do jornalismo americano, "independente", que afirma o seu compromisso com os "fatos" não podemos atribuir a ele um valor universal. A imprensa de vários países se estruturou com princípios totalmente distintos. Por exemplo, o tipo de jornalismo centrado nos fatos nunca esteve presente na França. Lá, a tradição jornalística foi fortemente influenciada pela literatura e pela lógica partidária. Diferente dos Estados Unidos e da Inglaterra, onde a batalha política era confinada dentro dos limites do bipartidarismo parlamentar, o que permite aos jornalistas se manterem "neutros" e conseguir mostrar os dois lados da história, na França os jornalistas sempre foram instrumentos de facções e de grupos políticos. Basta ler qualquer exemplar francês. O jornalista nos EUA conseguiu ser uma espécie de "tribuna do povo", na ausência de outras instituições, que colocariam os interesses do público contra o Estado. Lá o jornalismo, de fato, preenche este papel. Basta lermos um exemplar americano. Na Itália o jornalista não tem o poder nem abertura de uma capacidade interpretativa. Esta é desempenhada pelos partidos e pela esfera pública. Dessa forma, os jornalistas italianos são meros funcionários públicos cuja tarefa é transmitir informação às pessoas interessadas em política, sem autoridade de representá-las ou interpretá-las para ela o sentido da informação. Lá eles estão comprometidos com as instituições políticas e representativas, e não com o cidadão. Assim, o jornalismo italiano serve de mediador entre o governo e a oposição. Aqui na América do Sul, o jornalismo parece mais vibrante pelo seguinte fato: primeiro desenvolveu-se uma Imprensa partidária, em países com partidos políticos de grande expressão na política nacional. Foram os casos do jornalismo na Colômbia e no Uruguai. Depois, desenvolveu-se um tipo de jornalismo que adotava o modelo norte-americano e que se declarava independente em relação as influências partidárias e governamentais, exemplo da Argentina, do Peru e do Chile. Mas o que move os jornalismo brasileiro é o terceiro passo, que tem ganhado impulso em toda America Latina: o da IMPRENSA ALTERNATIVA, constituída por publicações não ligadas aos partidos tradicionais, mas aos MOVIMENTOS SOCIAIS E CULTURAIS que irromperam nas lutas CONTRA A DITADURA MILITAR nas décadas dos 70 aos 80. Essas publicações rejeitaram a neutralidade e o profissionalismo e desposaram o jornalismo como forma de ADVOCACIA SOCIAL. Qual será o melhor tipo?
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