A hegemonia de quem fala sobre quem escuta nos meios de comunicação

Por Alessandro Lo-Bianco

Efetivamente, o que pode nos levar a esse conceito é a forma de relações sociais a que a comunicação tem induzido, a partir de sua sistematicidade operacional. Os meios de comunicação, de uma forma geral, os media, constituem em seu conjunto um aparelho que realizaria, “teóricamente”, o poder do Estado. Essa realização é sempre contraditória, uma vez que no interior do aparelho podem chocar-se forças políticas transformadoras e conservadoras ou correntes ideológicas, retrógradas e inovadoras. É compreensível que o aparelho informativo se articule ideologicamente não com o Estado, mas com a classe que o controla. E se investe de sua estrutura, isto é, assume a forma geral de poder do Estado. Num diálogo compreendido em toda totalidade de seu discurso lingüístico, sempre despertará subjetivamente no ouvinte ou telespectador perspectivas de verdades que ele deixará se levar ou não na hora de formar sua própria opinião. Podemos dizer que a mídia ainda não manipula, porque o poder de decisão de acreditar ou não ainda é seu. Entretanto, na TV, por exemplo, falar não se torna propriamente um ato bilateral, nesta é praticamente absoluto o poder de quem fala sobre quem ouve, bem como nos jornais e rádios. Mas um veículo se tornará apenas perigoso, somente quando ele buscar silenciar-se ou manter-se à distância na relação entre o interlocutor e o ouvinte. Para Baudrilard, o que tem caracterizado os veículos de massa é justamente isso, a sua “não – comunicação”, entendendo-se comunicação como troca, isto é, como reciprocidade de discursos (fala e resposta). Isso é perigoso, justamente porque origina um poder absoluto na história: A hegemonia tecnológica do falante sobre ouvinte. Quer um “esqueminha” rápido que confirme isso? Basta dizer que a economia da grande empresa jornalística parte da troca econômica desigual entre emissor (jornal) e o receptor (leitor). Ou seja, economicamente um leitor não se compara a um jornal. Esta aí uma comprovação de poder.
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