O que se deve cobrar hoje de um jornalista?

Por Alessandro Lo-Bianco  

 Hoje, quando se cobram bons modos dos jornalistas, é preciso separar dois tipos de exigência. O primeiro é aquele que reclama um limite para o poder dos meios de comunicação. Ok, é uma cobrança legítima galera! Adquirindo um vasto poder sobre a sociedade, os meios de comunicação fizeram de seus proprietários e de seus funcionários figuras arrogantes, que se julgam acima de qualquer limite quando se trata de garantir seus interesses e de se divertir com seus caprichos. Quando comecei a cobrir televisão e "celebridades" fiz algumas coisas que hoje não faria jamais para vender notícia, ok, va lá... Vivendo e aprendendo... Hoje vejo que não somente os artistas mas qualquer pessoa que exige que o desempenho de um repórter seja responsável e com consciência, que não abusem do poder de que estamos investidos, que não se valham dele para destruir reputações e para deformar as instituições democráticas é exigir que o espírito do jornalismo não seja corrompido. O segundo tipo de exigência é inepto: pretende apenas resguardar as aparências das boas maneiras. Cultivar a ideia de que os bons modos - e as boas consciências - resolvem por si os impasses que se apresentam é ajudar a tecer a cumplicidade entre o jornalismo e o poder, é reduzir os graves problemas de ética jornalística e dos meios de comunicação a uma questão meramente de etiqueta. Os representantes da mídia devem, sim, ser bem-educados, e muito bem-educados (em todos os sentidos), mas não mais em relação aos poderosos e aos saraus cibernéticos que eles organizam. E nem somente em relação aos entrevistados... Devem sê-lo em relação ao público.
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