Pensando rápido com Karl Marx: um leitor feito apenas para consumir

Alessandro Lo-Bianco

Antigamente, o trabalho era visto como um meio de nos expressarmos, nos controlarmos. Mas Marx deixa uma grande contribuição ao dizer que isso termina no sistema capitalista, pois é quando o homem pára de explorar seu desenvolvimento através do trabalho para ser usado, vendido e explorado por outros. O Marxismo deixou vasta contribuição para os estudiosos quando estruturou acusações tão sensatas sobre a exploração do trabalho. E todo esse papo de marxismo esbarra diretamente, sabe onde: no campo da comunicação. Isso porque, nesta sistêmica de trabalho, a cultura sofre o risco de passar a não ser mais produzida pelo homem, e sim para ele. Aí reside um problema que terá consequências drásticas à longo a prazo. A razão tecnológica não está nos últimos tempos favorecendo a quem precisa ser favorecido por elas.

Sob a percepção do sistema de trabalho apontado e alertado por Karl Marx, podemos concluir nos dias atuais, trazendo toda essa temática para o campo comunicacional, que a tecnologia não deveria ser utilizada para produzir uma necessidade e uma dependência; ela deveria ser desenvolvida para suprir essas necessidades.

Uma das coisas sabiamente apontadas por Marx, era que havia uma servidão voluntária a essa dependência por necessidade, que acaba se tornando "por sobrevivência". Marx falava então que as coisas nunca se ajustariam devido a forma como o sistema foi criado. Ou seja, ele só funciona seguindo uma lógica de mercado. A má notícia é que não podemos mudar o princípio, mas transformar o futuro se conseguirmos utilizar a tecnologia para o bem de todos. 

A tecnologia nunca irá ser democrática apenas por levar o conhecimento para as pessoas, mas quando passar a ser utilizada por elas. Não adianta saber senão se pode usufruir. Aí não existe democracia. Assim, estreitando ainda mais os laços dos estudos de Marx com o campo comunicacional, podemos dizer que consumir informação também é estar veiculado, ou seja, é ter uma utilidade nesta lógica do sistema capitalista. É isso aí! Isso quer dizer que a cultura, de certa maneira, muitas "culturas" foram criadas de forma racional - para atuarem dentro do campo da comunicação - para atender os interesses da classe dominante e detentora dos veículos, e não necessariamente a algum tipo de expressão popular. Como o próprio nome já diz, "indústria cultural" foi produzido por uma indústria, e para que você não crie, não faça e não se torne um concorrente. Você deve apenas consumir.
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